A medicina de emergência é uma das áreas que mais exige aperfeiçoamento constante, em razão da dinâmica e das múltiplas frentes de atuação da especialidade. Nesse cenário, o médico e responsável pela programação científica do IX Congresso Brasileiro de Medicina de Emergência (CBMEDE 2024), dr. Rodrigo Quadros, defendeu a realização de programas permanentes de educação para os emergencistas.
“Existem constantes inovações. O conhecimento clínico e as ferramentas tecnológicas evoluem rapidamente, principalmente no contexto das emergências. Por isso, precisamos estar sempre atualizados, tanto para procedimentos rotineiros quanto para aqueles que surgem com menos frequência, mas que exigem respostas ágeis e precisas”, destacou.
Os temas abordados durante o congresso, explicou Quadros, foram selecionados com base em duas principais vertentes: a frequência dos casos e as lacunas na formação dos profissionais. “Casos como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo, são muito comuns. É imprescindível estar em dia com os protocolos mais avançados para o tratamento desses pacientes. Por outro lado, temas menos recorrentes, mas igualmente críticos, foram incluídos. Alguns destes casos, embora raros, podem ter desfechos fatais se não tratados de forma correta”.
INTERCÂMBIO - O CBMEDE 2024 se destaca pela participação de palestrantes internacionais. Entre os 120 especialistas convidados, 14 vêm de países como Estados Unidos, França e outros centros de excelência. “Essas nações já têm a medicina de emergência estruturada há décadas. Temos muito a aprender com eles, especialmente sobre como adaptar esses avanços à nossa realidade”, pontuou o médico.
Além de conferências e debates, o congresso oferece mais de 20 cursos teórico-práticos, abordando desde emergências psiquiátricas até o uso de tecnologias de ponta no atendimento pré-hospitalar. “Promovemos diversos cursos práticos, como entubação em cadáveres frescos, uso de ultrassom para bloqueios anestésicos, além de simulações de situações emergenciais raras”, explicou dr. Rodrigo Quadros.
A vice-presidente pediátrica da ABRAMEDE, dra. Patrícia Lago, também endossou a relevância da educação continuada, especialmente para a especialidade. "O emergencista é a linha de frente na assistência ao paciente grave. A forma como esse atendimento inicial é feito pode impactar diretamente nos resultados posteriores, seja na necessidade de internação ou cuidados intensivos. Por isso, é crucial que os médicos estejam sempre qualificados e atualizados com as melhores práticas”.
Patrícia também destacou o fato do CBMEDE 2024 ter sido realizado fora dos grandes centros, como forma de descentralizar o conhecimento e levar a qualificação médica para regiões mais distantes. “Esta edição é um marco. Ao sair do eixo Sul - Sudeste, estamos mostrando que os emergencistas de todo o Brasil buscam essa capacitação. Em todos os locais é possível oferecer um atendimento de alta qualidade. A troca de experiências entre profissionais que atuam em diferentes realidades hospitalares é muito rica”, assegurou.