As queimadas que têm assolado o Pantanal e outras regiões do País trouxeram à tona uma preocupação imediata com seus impactos na saúde pública. A combinação de altas temperaturas, tempo seco e a densa fumaça cria um cenário perigoso, que afeta diretamente o bem-estar da população.
A fumaça liberada pelos incêndios carrega uma mistura de substâncias tóxicas, como monóxido de carbono, e partículas finas que viaja por grandes distâncias e afeta, inclusive, a saúde daqueles que estão distantes dos focos de incêndio. Ao alcançar os pulmões e entrar na corrente sanguínea, essas partículas podem desencadear uma série de reações que vão além dos problemas respiratórios, podendo agravar doenças cardiovasculares e aumentar o risco de complicações graves, como arritmias e infarto
É neste contexto que o papel dos médicos emergencistas se destaca, pois estão na linha de frente do atendimento aos pacientes que buscam os hospitais e prontos-socorros com sintomas graves, causados pela inalação de fumaça e outras complicações decorrentes das crises climáticas.
A exposição prolongada à fumaça não apenas agrava problemas respiratórios, mas também pode desencadear infecções e complicar condições preexistentes. Entre os mais afetados estão crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas, que requerem intervenções rápidas e monitoramento constante para prevenir o agravamento de suas condições.
Nos serviços de emergência, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste, a pressão sobre o sistema de saúde tem sido evidente neste período. Diante desse cenário, os médicos emergencistas buscam estar sempre preparados, oferecendo tratamento imediato e estabilizando os pacientes.
Em setembro, a cidade de Campo Grande (MS) será plataforma para esta preparação ao sediar um dos maiores eventos de medicina de emergência da América Latina: o Congresso Brasileiro dessa especialidade (CBMEDE), que acontecerá entre os dias 24 e 29. O evento reunirá especialistas de todo o Brasil e do exterior para discutir, entre outros temas, os desafios do atendimento emergencial em tempos de catástrofes ambientais. Será uma oportunidade única para a troca de experiências e o aprimoramento das práticas clínicas.
No CBMEDE 2024, serão discutidas não apenas as melhores práticas para atender às vítimas, mas também soluções para aprimorar as políticas públicas de saúde, com foco na prevenção e no atendimento emergencial em contextos de desastres ambientais. A presença de renomados especialistas enriquecerá as discussões, permitindo o compartilhamento das melhores práticas e estratégias para o atendimento emergencial em todo o país.
Como sociedade, devemos compreender que a saúde pública está intimamente ligada à preservação ambiental. As queimadas e outros desastres naturais sobrecarregam o sistema de saúde e agravam condições médicas, especialmente em pacientes mais vulneráveis. Por isso, é fundamental que as autoridades e a população unam esforços para mitigar esses danos, garantindo que todos tenham acesso ao atendimento médico necessário.
A medicina de emergência já se revelou essencial em tempos de catástrofes ambientais. Os especialistas dessa área estão preparados para o inesperado, mas também são urgentes e necessárias medidas preventivas que possam minimizar os impactos à saúde causados por essas mudanças. Portanto, refletir sobre a preservação do meio ambiente não é apenas uma questão ecológica, mas também uma questão de saúde pública. O equilíbrio entre o cuidado com o meio ambiente e o bem-estar da população deve ser um dos pilares de qualquer ação futura.